LILITH
Para Ilka Lemos, a imagem de Lilith surgiu do estranhamento com o trabalho de Anselm Kiefer (“Lilith”, 1987-9), em que o artista aproxima a figura mitológica com a vista aérea da cidade de São Paulo. Advinda de uma criação familiar extremamente normativa, revoltou-se com a afirmação audaciosa do artista.
Lilith era vermelha, infernal; símbolo do pecado. Ao investigar mais profundamente a narrativa cabalística, Ilka compreendeu e encontrou-se na força da primeira mulher que negou ser tratada com inferioridade. Descobriu Liliths em Adélia Prado, Carolina Maria de Jesus, Cecília Meireles, Cora Coralina, Conceição Evaristo Costa, Clarice Lispector e Pagu e continua a encontrar resistência em tantas outras mulheres que buscam romper com as imposições e convenções patriarcais. O retrato de Lilith e tudo aquilo que vem a representar continuam sendo elementos essenciais e estruturantes de investigações e pesquisas da artista.
1998 - 2014